Veículos exclusivos para mulheres não resolvem problema da violência e ainda provocam segregação, dizem movimentos
Depois de muita pressão do movimento feminista, o vereador paulistano Alfredinho (PT) retirou o projeto de lei que propunha a criação de ônibus e vagões de trens exclusivos para o transporte de mulheres, em pelo menos metade da frota, nos horários de pico dos dias úteis. A ideia, segundo o vereador, era proteger o público feminino do assédio sexual no transporte público.
Os movimentos organizados de mulheres, no entanto, consideraram o projeto segregacionista e superficial, uma vez que não apresentava proposta educativa ou de punição aos homens pela prática do assédio.
No lugar do projeto, batizado de “ônibus rosa”, será criada uma comissão para discutir políticas públicas contra o assédio sexual e a violência sofridos no transporte público. Entre os integrantes dessa comissão estão a CUT São Paulo, a Marcha Mundial de Mulheres e a Marcha das Vadias, entre outras organizações. Também participarão as secretarias municipais de Transportes e de Políticas para Mulheres.
“A mulher, que tem dupla jornada e volta tarde para casa, não pode ficar nas ruas esperando por um ônibus rosa”, criticou Sonia Auxiliadora, secretária da Mulher Trabalhadora da CUT/SP, durante a sessão da Câmara de ontem.
Representando a Marcha das Vadias de São Paulo, Gabriela Alves disse que o PL reforça a cultura de responsabilização das vítimas.
“A liberdade de ir e vir deveria ser comum a todos e todas, sem jamais pensar que é preciso segregar mulheres, gays ou lésbicas. O transporte que se diz público tem que ter, sim, aparato de segurança para evitar esse e outros tipos de violência”.
O vereador Alfredinho reconheceu que faltou diálogo antes da elaboração do projeto. “Precisamos construir coletivamente outro PL que venha a apontar um caminho eficiente e urgente”, disse.
Fonte: Rede Brasil Atual