Por Cidinha da Silva
Subúrbia e a participação de Ellen Oléria no The Voice Brasil me interessam por motivos expansivos similares. O conteúdo humano e estético de Subúrbia é mais significativo como espaço midiático de discussão das relações raciais no Brasil, do que o limite da mini-série global, assim como, Ellen é infinitamente maior do que uma eventual vitória no concurso de revelação de talentos vocais.
Diante de tantas críticas, para as quais não consigo encontrar ressonância, como telespectadora de Subúrbia devo fazer as vezes da cantora-leitora que me surpreendeu dia desses. Depois de longa gestação, finalizei um texto para Concha Buika. Corri para mostrá-lo à cantora que me apresentou Oro santo, interpretação magistral da cantante da Guiné Equatorial. Eu dizia: argolas em ouro preto e santo da corda do alento que me enlaça / náufraga / e me desvencilha do manguezal. Apressada, enfatizei a beleza da imagem: veja, a corda é composta por argolas de ouro. Olhe só que bonito, que coisa forte e reluzente. E ela (a corda de argolas de ouro) salva a personagem que naufraga no manguezal, bioma riquíssimo, mas de aparência feia… A cantora respondeu de pronto: ai, que pobre, pensei que a salvação viesse das cordas do violão flamenco.
Em síntese, a obra é boa, mas a interpretação é melhor. Será? Não creio! A obra precisa estar grávida de possibilidades, margeada por franjas, arejada por frestas para que o pó de pirlimpimpim da nossa criatividade ganhe ares de renovação.
Gostei mais do primeiro capítulo incompleto que vi que do segundo, assistido por inteiro. Algo me incomodou muito. Não foi o baile funk, a exaltação dos corpos no baile funk, são assim punk, os bailes funk. Particularmente, gosto mais da coreografia dos meninos, acho-a mais criativa, embora não tenha vez. Os moçoilos têm jogo de pernas, braços e mãos que indicam muitas coisas, simulação de falas, mímica, o repertório é mais rico. As meninas rebolam, rebolam (isso não é fácil como pode parecer à primeira vista), vão até o chão (ainda mais difícil) e acabou!
Se a câmera mudar o foco, de meninas para meninos,