Devido à perda de suas terras ancestrais e constantes ataques de pistoleiros, os indígenas Guarani do Brasil enfrentam uma taxa de suicídio de ao menos 34 vezes a média nacional. De acordo com a organização Survival International, estatísticas mostram que a cada semana em média um Guarani cometeu suicídio desde o início deste século. Dados do Ministério da Saúde revelam que 56 indígenas Guarani cometeram suicídio em 2012, mas é provável que o número real seja maior devido aos casos não reportados.
A maioria das vítimas tem entre 15 e 29 anos, sendo que a vítima mais jovem tinha apenas nove anos de idade.
Rosalino Ortiz, um homem Guarani, afirmou à Survival que os Guarani estão se suicidando por falta da terra. “A gente antigamente tinha a liberdade, mas hoje em dia nós não temos mais liberdade. Então, por isso, os nossos jovens vivem pensando que eles não têm mais condições de viver. Eles se sentam e pensam muito, se perdem e se suicidam”, observa.
Os Guarani perderam a maior parte de suas terras ancestrais, às quais teriam uma forte conexão espiritual, para os pecuaristas e latifundiários do setor da cana de açúcar. Os indígenas são forçados a viver em condições perigosas e muito precárias às margens de rodovias ou em reservas superpovoadas. Estão enfrentando desnutrição, péssimas condições sanitárias e alcoolismo. Além disso, as comunidades que tentam retornar às suas terras enfrentam níveis extremos de violência pois os fazendeiros contratam pistoleiros para atacar e frequentemente matar os Guarani.
A demarcação das terras Guarani já deveria ter sido concluída há muitos anos, mas o processo foi interrompido e, segundo a Survival, os políticos brasileiros estão, atualmente discutindo uma Emenda Constitucional que daria ao Congresso Nacional (influenciado pelo lobby ruralista e anti-indígena) o poder de demarcação de terras indígenas.”Isto seria um desastre para os Guarani e sua campanha pelo direito à terra”, assinala a organização.
A Survival International faz um apelo para que o governo brasileiro demarque as terras Guarani em regime de urgência e chama empresas como a estadunidense Bunge a parar de comprar cana de açúcar oriunda de terras Guarani.
Fonte: Adital