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“Super-Herói Lado a Lado”, por Érico Brás

O ator baiano Érico Brás divulgou nessa última terça, 11, em sua página do Facebook, um artigo elogiando a atuação do seu colega e ex-companheiro do Bando de Teatro do Olodum, e hoje da  Rede Globo, Lázaro Ramos, na mais nova produção da emissora, a novela Lado a Lado que segundo informações divulgadas pelas organizações Globo vai falar sobre o “começo da república, o surgimento do samba, o fim dos cortiços, o início das favelas e trazer como tema principal o nascimento da mulher moderna na sociedade brasileira”. Confira aqui no CORREIO NAGÔ o artigo, na íntegra, gentilmente cedido pelo ator ao nosso portal.

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“Super-Herói Lado a Lado”

 Ontem estava em casa com minha família e às 18h corri pra frente da tv pra ver  mais uma estréia na telinha. Preparei a pipoca e tudo. Isso porque vi nas chamadas, durante a semana, muitas coisas que me chamaram a atenção nesse novo folhetim que foi ao ar.

 Quando começou me deparei com situações que jamais tinha visto na televisão desde que nasci. Vi um cara bonito e elegante andando no meio das pessoas iguais a ele e demarcava espaço no local onde mostraria suas habilidades como barbeiro. Inteligente e encantador na arte de falar com os seus, agora, vizinhos. Sagaz e humano, quando se mostrou forte, consciente e conquistador, com muita ginga.

 A gente vibrava no sofá com os movimentos do Zé Maria. Viajei. Parecia com as vezes que eu me sentava à frente da tv preto e branco para assistir meu super herói  Japonês favorito, e que me fazia acreditar que eu podia voar e derrubar 4 ou 5 adversário num contragolpe também. Tudo isso na minha infância. E essa verossimilhança do Zé me encantou.

 E quando ele tirou a máscara e se revelou o ser humano por trás da fantasia foi sublime e diferente demais. O artista que representava o Herói Zé Maria, Lázaro Ramos, pela primeira vez era Negro-Herói, parecia de fato com meu pai. E a mulher que provavelmente será sua “Maravilha Mulher” estava lá junto com seu pai. É uma família com possibilidade de crescer quando eles se juntarem. Vi religião de matriz africana, ao invés de dogmas cristãos europeus, como de costume.

 Mais uma coisa me chamou à atenção: o modo como foi abordado e apresentado o racismo. Era evidente o preconceito com os negros nas ações e reações dos brancos naquelas cenas. Vale ressaltar que o super-herói, agora sentado à mesa do restaurante mais caro do lugar, com sua futura senhora  sob o olhar do garçom e os demais clientes,envolvido por um silêncio ensurdecedor, fez questão de explicar para àqueles que “…esse é meu lugar também. Estamos no século XX…”

Diferente de todos os outros, esse herói não soltava raio laser, teias de aranha, balas de révolver…ele vestia-se de alegria, brincava de jogar capoeira e tinha noção de espaço,t empo e um nome parecido com dos meus tios ZÉ Carlos e Tia MARIA.

Tomara que as crianças e adultos tenham visto o que vi, Lázaro Ramos, Camila Pitanga, Milton Gonçalves e Zezeh Barbosa sendo: SUPER HERÓIS BRASILEIROS.

 Avance Zé Maria!

Érico Brás

 

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