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Superação resume a história de Maili Santos

Reprodução I Facebook

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Redação Correio Nagô*

Negra, maquiadora, cadeirante e mulher. Estas são as características que marcam a história de Maili Santos. Com 1 ano e meio de idade, ela foi diagnosticada com paralisia, o que impossibilita que possa andar até hoje. Mas, esta situação não impede que Maili, 30 anos, tenha sonhos, força e coragem para enfrentar as adversidades da vida. “Quando criança, mais jovem, as pessoas sempre me colocavam para baixo, diziam que eu não ia conseguir. Minha vida mudou quando a profissão maquiadora me escolheu. Isso foi fundamental para eu voltar a sorrir”, conta.

Segundo a profissional, foi difícil para ela se aperfeiçoar na área da estética. “Nós que somos negros e cadeirantes sofremos muito com o preconceito. Por ser cadeirante, nem sempre eu tive oportunidades de fazer cursos presenciais porque as instituições não me aceitavam. Então, eu fui fazer cursos online e decidi trabalhar com a beleza negra. De acordo com Maili, Salvador ainda não tem a cultura de investir nas especificidades da pele escura. Os maquiadores querem a pele clara. Não querem fazer maquiagem em negros. O negro é a minha raiz. Eu quero entender a pele negra”, dispara.

A moradora de Baixa de Quintas aponta que muitas marcas não trabalham com a cartela de cores apropriadas para a população negra. “Muitos fornecedores de produtos de maquiagem informam que não trabalham com cores próprias para a pele negra. Só temos para brancas e mais medianas, é o que eles me dizem”, fala.

Mãe de Antônio Mateus, 7 anos e de Maria Antônia, 4 anos, Maili afirma que colabora para que a filha se identifique com o próprio cabelo. “Minha filha tem um black lindo. Às vezes, ela chega em casa dizendo que a coleguinha falou mal do cabelo dela. Mas eu ensino a ela se valorizar. Agora, quando ela vai sair, ela pede assim: “mamãe bota o black todo para cima. Meu filho é branco e loiro, e eu mostro para ele o quanto é bonita uma mulher negra. “A mamãe é linda do jeito que ela é”, fala, para o filho, quando ele pergunta por que ela não usa escova no cabelo.

A profissional da beleza “gostaria de fazer parte do quadro de funcionários de uma empresa”, mas, no momento, presta serviço como empreendedora. Com a página Maili Santos Make Up, ela faz o seu marketing através da rede social facebook. “O negro tem que ser determinado para alcançar os seus objetivos. Eu aprendi a ser forte. Tem que ser. Eu tenho duas coisas ao meu favor: minhas mãos e a cor da minha pele”, comenta ela.

A cadeirante já trabalhou em uma agência de automóveis, prestou serviço de consultoria de beleza e ensinou crianças carentes a ler e escrever. Ela fala que já tentou trabalhar na área cultural, mas não encontrou muitas oportunidades. “Ser mulher e querer entrar neste campo é muito difícil. Há muita discriminação”, declara. Maili conta que é alvo de discriminação por ser negra. “Mas, eu me aceitei. Quando eu me aceitei como negra, as pessoas começaram a me olhar de uma forma diferente também. Precisamos mudar para que as pessoas mudem”, afirma ela.

A empreendedora nunca saiu de Salvador; o sonho dela é fazer cursos de maquiagem no exterior, mas as “condições financeiras não permitem que ela deixe a capital”. A profissional diz que não é bom ficar em um lugar só quando se quer se aperfeiçoar.

Atualmente, o Blog da Jéu, página do facebook, está fazendo uma campanha para arrecadar fundos para Maili investir na sua área profissional. A maquiadora busca também uma parceria com empresas que queiram trabalhar com a beleza negra.

* Taciana Gacelin

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