16/07/2018 | às 15h10
Taís Rocha Ribeiro no registro – porém Tata Ribeiro por opção – é uma mulher eletrizante que vem colorindo as ruas com o projeto “Narrar a rua”. Como ela mesmo diz, está aqui para hackear o sistema, e os seus poderes estão ligados ao entendimento de arte e educação como tecnologias que podem driblar as estatísticas. Tata é mestra em Gestão de Tecnologias Aplicadas a Educação pela UNEB e Doutoranda em Educação pela UFBA.
“Eu sempre fui tida como uma menina arrogante e faço questão de dizer que a arrogância não é privilégio dos brancos. Eu gosto de ser tida como arrogante porque quando se é negro, a arrogância está só em você dizer quem você é, o que você é” – Tata Ribeiro
Tata sempre foi classe média, ou seja, sabe bem o que é ser, muitas vezes, a única negra em determinados espaços. Por isso, aprendeu a usar a ironia e a “arrogância” como armas contra o racismo que atravessou sua vida.
“Narrar a rua” foi o projeto do mestrado de Tata, baseado no desenvolvimento de jogo digital com alunos de escolas públicas da Nova Sussuarana, Engomadeira e Soronha. A junção de educação, cultura, tecnologia e uma professora com pressa de mudanças, tornaram-se uma potente ferramenta para que as crianças aprendam a construir o seu próprio conhecimento.
“É papel do professor conduzir o aluno, mas ele também precisa de um espaço para ser protagonista” – Tata Ribeiro
Designer e grafiteira, a artista é tecnologia da cabeça aos pés, mas ela diz que não é um privilégio seu, que todo mundo é cheio de tecnologias.
“É injusto com a história da humanidade reduzir toda a nossa criação tecnológica, construída ao longo de séculos, somente a tecnologia digital. Essa tecnologia vem para acelerar os processos”, explica.
É inspirador vê-la falar sobre operacionalizar sonhos através da tecnologia. A doutoranda vira menina falando sobre o poder transformador dessas técnicas, os olhos brilham e o sorriso passa firmeza.
Para ela, com a validação de uma cultura através da democratização de técnicas como filmagem e desenvolvimento de games, é possível esquecer os espaços tradicionais de arte e cultura que não representam a cidade.
“A gente precisa sempre permitir que a técnica perpasse nossa vida, para ter espaço de construir os nossos discursos, porque ela está disponível para nós. No momento que a mídia de massa perde força e as pessoas podem contar sua história, precisamos valorizar essas histórias,” conclui Tata.
Beatriz Almeida é repórter-estagiária do Correio Nagô.
Com a supervisão da jornalista Donminique Azevedo.