Home » Revista » “Todas as engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras”, diz Joaquim Barbosa, relator do Mensalão

“Todas as engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras”, diz Joaquim Barbosa, relator do Mensalão

“A imprensa brasileira é toda ela branca, conservadora. O empresariado, idem”. “Todas as engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras.”

“O Brasil ainda não é politicamente correto. Uma pessoa com o mínimo de sensibilidade liga a TV e vê o racismo estampado aí nas novelas.”

“O racismo parte da premissa de que alguém é superior. O negro é sempre inferior. E dessa pessoa não se admite sequer que ela abra a boca. ‘Ele é maluco, é um briguento’. No meu caso, como não sou de abaixar a crista em hipótese alguma…”.

Essas são algumas das declarações do ministro do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, relator do processo do Mensalão, publicadas neste domingo, 07/10, na coluna de Mônica Bergamo da Folha de São Paulo.

Nascido em Paracatu, no interior de Minas, filho mais velho de uma mãe dona de casa e um pai pedreiro, o magistrado conta ao jornal paulista que teve uma infância pobre e o racismo apareceu em sua “infância, adolescência, na maturidade e aparece agora”. Para ele, o racismo se manifesta em “piadas, agressões mesmo”. “O Brasil ainda não é politicamente correto. Uma pessoa com o mínimo de sensibilidade liga a TV e vê o racismo estampado aí nas novelas”. Já discutiu com vários colegas do STF. Mas diz que polêmicas “são muito menos reportadas, e meio que abafadas, quando se trata de brigas entre ministros brancos”.

Segunda a coluna da Folha, há 30 anos, já formado em direito e trabalhando no Itamaraty como oficial de chancelaria, prestou concurso para diplomata. Passou. Foi barrado na entrevista.

Na entrevista, Joaquim Barbosa conta ainda detalhes da sua infância, com oito irmãos, e das referências recebidas do pai. “Ele era aquele cara que não se submetia. Tinha temperamento duro, falava de igual para igual com os patrões. Tanto é que veio trabalhar em Brasília, na construção, mas se desentendeu com o chefe e foi embora”, lembra Joaquim.

O pai vendeu a casa em que morava com a família e comprou um caminhão. Chegou a ter 15 empregados no boom econômico dos anos 70. “E levava a

scroll to top