O cantor e compositor Valmir Lima será o homenageado no próximo domingo
Homenagear grandes sambistas brasileiros e compositores do ritmo ainda em vida. A proposta é do Troféu Semba, do Olodum, e surgiu no início do ano, como desdobramento do tema escolhido para o Carnaval de 2013: “Samba, Futebol, Alegria – Raízes do Brasil”.
No próximo domingo, o compositor de Ilha de Maré Valmir Lima receberá a honraria. Parceiro musical de nomes como Batatinha, Edil Pacheco, Tião Motorista, Jandiro Aragão e Noca da Portela, Valmir ajudou a escrever a história do samba na Bahia e no Brasil. O baiano teve composições gravadas por cantoras como Alcione e Beth Carvalho.
“Ilha de Maré”, após três décadas, voltou a ser gravada pela cantora baiana Mariene de Castro, no disco “Abre Caminho”. A música ganhou ainda mais fôlego e fez parte da trilha sonora do filme “Ó pai ó” (2007), de Monique Gardenberg.
Sambistas – Não há estimativa de quantos artistas serão homenageados, mas a grade inclui nomes como Alcione e Martinho da Vila. O diretor do Olodum, João Jorge Rodrigues, diz que não pode revelar todos os artistas. “Temos que guardar alguma surpresa”, destaca, em entrevista ao Correio Nagô.
O primeiro músico a receber o troféu foi o sambista baiano Riachão, durante ensaio do Olodum com o tema “A Primavera dos Povos Africanos”. Em seguida, foi a vez do cantor Neto Balla receber a homenagem.
“O Olodum é do universo do samba. Tem muita gente morrendo e a gente quer fazer uma homenagem enquanto os artistas e personagens do samba estiverem vivos. Os jovens precisam conhecer a cultura negra”, explica o diretor do Olodum.
Para João Jorge, o troféu é ainda um resgate da história. “É um troféu emblemático. O samba do Brasil se criou aqui. Já o nome semba veio de Angola e do Congo”, acrescenta.
“Os critérios de escolha são os sambistas que estão vivos”, complementa.
Carnaval – A estimativa de João Jorge para 2013 é de um carnaval que não só resgata “características nacionais” como ainda faz uma crítica social. “O carnaval que tem como tema Samba, futebol e alegria vai ser espetacular e diferenciado, sem perder a nossa consciência crítica. Vamos trazer a história de repressão que estes segmentos tiveram como proibições do samba, do batuque e até mesmo de jogar futebol na história do país”, conta.
Já sobre o projeto do Afródromo, da Liga dos Blocos Afros da Bahia, João Jorge diz que o Olodum não faz parte. “Não vamos participar. Queremos estar na Barra, na Avenida, nos horários nobres, com cobertura. Essa cidade é campeã do apartheid. Temos que estar no coração do carnaval. Temos que lutar para estar na Barra”, defende.
Por Anderson Sotero