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Um Mural para Cascudo – Correio Nagô

Um Mural para Cascudo - Correio Nagô

A imagem atribuída a Câmara Cascudo é relacionada aos festejos populares, ao folclore e ao estudo das tradições. Dista do conceito de vanguarda criado para classificar novas escolas e movimentos da arte – pelo menos no estereótipo. Mas quem sobe hoje avenida Câmara Cascudo, na Cidade Alta, é instigado a contemplar um painel grafitado por artistas visuais em pleno Instituto Ludovicus, também conhecido como “A casa de Cascudo”: a arte urbana e a arte popular em convivência permanente. O tradicional e o contemporâneo unidos sem preconceitos, sem revelia. E para quem acha quilômetros de distância entre esses dois universos na obra cascudiana, a filha Anna Maria Cascudo é enfática: “Desconheço outro escritor mais à frente de seu tempo do que Cascudo. E o que é a vanguarda, senão isso?
O ato partiu da própria Anna Maria, sem qualquer aconselhamento de artista visual moderninho. O embrião da ideia veio das lembranças infantis ao lado de Cascudo. “Eu era criança e vi um homem pintando um calunga numa parede alheia na rua. Reclamei ao meu pai que ele estava sujando a parede. E ele disse: ‘Não é sujeira, é arte. A manifestação da arte urbana deve ser valorizada'”. Papai era moderno em tudo; totalmente despido de preconceito. Então, eu lembrei dessa passagem da minha infância, aproveitei o Dia do Folclore (22 de agosto) e convidei artistas visuais para grafitar a parede do Ludovicus e incentivar esse tipo de arte”. E acrescenta: “Algumas pessoas acreditam que o encontro da proposta do Instituto com a arte urbana não tem razão de ser, mas papai deve estar profundamente feliz com esse grafite”.

A temática grafitada foi parcialmente livre. Ana Maria pediu a relação com as manifestações do folclore brasileiro, nordestino e potiguar. E algo vinculado à obra de Cascudo. “Pedi para lembrar as superstições, que ele estudou bastante e acho interessantíssimo, e o que vi e aprendi muito durante minha infância, junto a meu pai: as danças do pastoril e da araruna. O resto partiu da ótica e dotalento dos artistas”. Para Ana Maria, o resultado “além do satisfatório” foi um presente dado à cidade;

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