Resultado de suas percepções acerca das violências e do modo de viver dos corpos de negros no Brasil, a artista e performer paulistana Val Souza apresenta o solo de dança Bang!, 25 deste mês, na Praça da Cruz Caída, no Centro antigo da capital baiana.
O ambiente escolhido para o solo não é aleatório. Pelo contrário, oferece intervenções sonoras que aliadas à presença física da artista se transformam em disparadores para uma discussão sobre a invisibilidade de corpos de negros, criminalização, violência e presença destes corpos marginalizados em todo o País.
Eu tenho como processo artístico pensar a experiência da minha presença negra nesse mundo branco falocêntrico. Como resultado dessas relações venho elaborando produções não só no campo da performance como criação artística e de produção cultural, mas também em teatro, dança, educação, curadoria e comunicação. Minha poética está em criar constrangimento, afetações, e mostrar o racismo estrutural desse país. Eu não sou ingênua, ao propor isso eu também estou disposta a agenciar e receber afetações e constrangimentos. – Val Souza.
Na sequência, o público é convidado para participar de um debate na Katuka Africanidades com Val e a escritora Cidinha da Silva. Na ocasião, serão abordados o processo criativo e a estética de mulheres negras.
CONEXÕES
Fruto de conversas entre ambas, o encontro nasce a partir das impressões de Cidinha da Silva sobre a performance Desbunde, apresentada por Val no Goethe durante os Diálogos Insubmissos de Mulheres Negras e das inquietudes geradas pela pesquisa de mestrado da performer de São Paulo como a necessidade de fugir da obviedade, da necessidade de se pensar os corpos de negros nas diáspora e quais são as sensações provocadas por ser uma mulher negra brasileira.
Nessa linha de fuga dos caminhos previsíveis, a contribuição de Cidinha da Silva é um convite para uma reflexão sobre articulações de formas contemporâneas de pensar corpos de negros a partir de uma reflexão sobre a questão da memória como depósito de informações e produtora de sentidos.
A apresentação e bate papo são gratuitos.
Da redação.