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Pré-estreia de documentário terá marcha contra genocídio da juventude negra

O documentário longa-metragem “O Caso do Homem Errado”  tem sessão de pré-estreia em Porto Alegre no dia 11 de maio. A exibição acontece, às 20h, no Cine Capitólio (Demétrio Ribeiro – Centro Histórico, Porto Alegre). O documentário foi produzido de maneira independente pela produtora gaúcha Praça de Filmes. Os ingressos podem ser adquiridos antecipadamente. Interessados devem enviar e-mail para ocasodohomemerrado@gmail.com.

Antes da sessão, será realizada uma marcha com saída na Esquina Democrática até o cinema. O objetivo é denunciar a violência dos órgãos de segurança contra a população negra. A concentração para o ato começa às 18h.

O filme conta a história do jovem operário negro Júlio César de Melo Pinto, que foi executado pela Polícia Militar, nos anos 1980, em Porto Alegre. O crime ganhou notoriedade  após  a imprensa divulgar fotos  de Júlio sendo colocado com vida na viatura e chegar, 37 minutos depois, morto a tiros no hospital.

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A jornalista e diretora de “O Caso do Homem Errado” Camila de Moraes, nascida no Rio Grande do Sul, em entrevista ao Correio Nagô, conta que cresceu ouvindo a história de Júlio César e neste ano (2017) ambos completam 30 anos, Camila de vida e Júlio de morte.

“Tudo poderia ter sido diferente se ainda tivéssemos Júlio César entre nós. Essa foi a nossa motivação, contar essa história, porque estamos falando de nós, das nossas vidas”, argumenta a diretora do documentário.

O filme traz o depoimento de Ronaldo Bernardi, o fotógrafo que fez as imagens que tornaram o caso conhecido, da viúva do operário, Juçara Pinto, e de nomes respeitados da luta pelos direitos humanos e do movimento negro no Brasil.

Camila de Moraes afirma que abordar a história de Júlio César é retratar também a história de muitos outros jovens negros, além disso, reforçou a necessidade de mudar a realidade das pessoas negras que são relegadas a meros números estatísticos.

A produtora executiva Mariani Ferreira acrescenta: “ele não foi mais uma estatística, ele era uma pessoa, com uma história, com família. A violência apaga os indivíduos no sentido mais profundo, acabando inclusive com suas histórias de vida”.

A Anistia Internacional vem falando sobre o genocídio da juventude negra devido ao grande número de jovens negros assassinados pelas forças de segurança no País.

“Hoje no brasil 82 jovens são mortos por dia. Desses, 77% são negros. É um escândalo, uma prova cabal do racismo que tomou conta de todas as instituições brasileiras, da polícia à justiça, da saúde à educação”, desabafa a produtora executiva Mariani Ferreira.

Joyce Melo é repórter do Correio Nagô

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