Um aparelho de celular, peça de roupa de marca, caixa de bombons ou apenas R$ 20. Estas são as formas utilizadas por homens brancos para comprar a virgindade de uma menina indígena, no município amazonense de São Gabriel da Cachoeira, na fronteira do Brasil com a Colômbia, segundo reportagem publicada pel Folha neste domingo (4).
A Polícia Civil, segundo informações da reportagem, apura o caso há um ano após pedido de mães das vítimas. Contudo, ninguém foi preso até agora. Há um mês, a Polícia Federal também passou a investigar o caso.
No total, doze meninas já prestaram depoimentos. Ainda de acordo com a reportagem, elas relataram aos policiais que foram “exploradas sexualmente” e indicaram nove homens como os autores dos crimes.
Entre os indicados, estão empresários do comércio na cidade, um ex-vereador, dois militantes do Exército e um motorista. As vítimas são meninas das etnias tariana, uanana, tucano e baré e que moram na periferia de São Gabriel da Cachoeira, onde 90% da população (cerca de 38 mil pessoas) é formada por índios.
Ainda segundo os relatos, tem vítimas que chegaram a serem ameaçadas pelos suspeitos. Outras tiveram que se mudar para casa de parentes.
“Ele me levou para o quarto e tirou minha roupa. Foi a primeira vez, fiquei triste”, contou à Folha uma menina de 12 anos que acusa um ex-vereador de ter abusado dela. “Ele me deu R$ 20 e disse para eu não contar a ninguém”, complementou.
Outra de 14 anos disse que foi obrigada. “Ele me obrigou. Depois me deu um celular”, disse. “Na primeira vez fui obrigada, ele me deu R$ 30 e uma caixa com chocolates”, acrescenta outra adolescente de 12 anos.
Com informações da Folha