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Wole Soyinka visita a Bahia e reafirma que devemos lutar por nossas tradições

Texto: Lucas Caldas

Fotos: Raul Golinelli / SECOM Bahia  

Wole Soyinka visita a Bahia e reafirma que devemos lutar por nossas tradições 

O escritor nigeriano Wole Soyinka esteve em Salvador no último dia 19 de novembro, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra. Nobel em Literatura, Soyinka foi o primeiro africano negro a receber a premiação máxima concebida pela Academia Sueca de Literatura. Ao longo de sua carreira ele sempre lutou contra a opressão social, e suas obras focam-se na arte africana, sempre com cunho humanista.

 A vinda do escritor a Salvador foi motivada pela divulgação do livro O Leão e a Joia (152 págs. Geração Editorial, tradução de William Lagos), que foi lançado na Academia de Letras da Bahia. A publicação narra à história de um triângulo amoroso e versa sobre valores e costumes, a partir do desejo de liberdade das mulheres e o apego ao conservadorismo que as desvalorizavam. A edição brasileira conta com o prefácio do professor Ubiratan Castro de Araújo, diretor da Fundação Pedro Calmon/SecultBA.

Nascido em Abeokuta, oeste da Nigéria, em uma família de origem iorubá, Soyinka, em sua breve passagem por Salvador, encontrou-se com a Ialorixá Mãe Stella de Oxossi. No encontro, Wole comentou sobre a tradição eminentemente presente no terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, liderado por Mãe Stella: “Este terreiro é um dos mais próximos da pureza das tradições. Estou muito feliz por conhecer um lugar que mantém as tradições com o devido cuidado e primor”.

Ainda sobre religião, Soyinka comentou sobre a intolerância dos missionários cristãos que demonizaram os cultos tradicionais africanos: “Quando os cristãos chegaram à África, precisaram impor o medo nos corações dos negros para embargar a nossa fé. Eles pregavam que nossas almas estavam perdidas e queimaram símbolos das religiões africanas”. O próprio escritor sofreu intolerância no seio familiar cristão, conforme revelou: “Lá vai o filho do demônio”, ouvia por sua devoção a Ogum, Orixá do panteão iorubano.

Além de ganhar de presente o exemplar do livro de Mãe Stella sobre provérbios iorubanos, ouviu da ialorixá sobre a luta para preservação das matrizes religiosas africanas. “Respeitar é o princípio para valorizar nossas tradições, não deixo ninguém falar mal do nosso candomblé.

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