Redação Correio Nagô* – A voz ecoa na pequeno espaço com capacidade para apenas 80 pessoas e de uma porta ao lado do palco sai a cantora Zezé Motta. A voz marcante da interpréte se junta ao som dos violões tocados pelos músicos Zeppa de Souza e Pedro Braga. Assim inicia a apresentação do show “Negra Melodia” em que Zezé homenageia Luiz Melodia e Jards Macalé.
“Quando eu falo, as pessoas pensam até que eu sou baiana”, disse a cantora e atriz na primeira apresentação que fez ontem, na Caixa Cultural Salvador, na avenida Carlos Gomes, Centro. O espetáculo ainda será apresentado nesta sexta (12), sábado (13) e domingo (14).
A interação dos músicos com a cantora é um dos pontos fortes do espetáculo, enquanto Zezé canta o repertório do seu último CD que leva o mesmo nome do show. “Eles que mandam em mim. As vezes eu me esqueço e faço tudo diferente do que a gente combinou”, brinca a cantora, enquanto conversa de forma descontraída com os músicos.
(Fotos: Anderson Sotero)
Canções como “Começar pelo recomeço”, “Pano prá manga” e “decisão” fazem parte do show em que a atriz e cantora se misturam. Um dos momentos mais dramáticos da performance de Zezé em que os dois ofícios formam um só é a música “Soluços”, de Macalé.
Diante de uma plateia atenta, Zezé faz das letras das músicas o texto de suas encenações. A dramática interpretação da cantora ainda pode ser conferida em “Vapor barato” e no clássico “Magrelinha”. “Quero pedir que a próxima música a gente cante em forma de oração por um Brasil menos violento, menos desigual”, pede antes de começar a cantar “O pôr do sol vai renovar brilhar de novo o seu sorriso”, versos de uma das suas primeiras gravações na década de 70.
O pequeno espaço parece ainda ampliar cada gesto e graves de Zezé. “Eu adoro participar desses projetos que democratizam a cultura”, elogia a cantora, referindo-se à iniciativa da Caixa. O acesso ao show é feito mediante a troca do ingresso por 1kg de alimento, na bilheteria do evento, que abre às 14h dos dias de espetáculo.
*Por Anderson Sotero