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Pequenas empresas mostram que também podem ser sustentáveis

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Empresários relataram os cases de sucesso de seus negócios durante painel sobre sustentabilidade
Foto: Divulgação

Quantas vezes você já ouviu a seguinte frase: sustentabilidade é para as grandes empresas, que contam com orçamentos milionários. O foco da pequena empresa tem que ser apenas a sobrevivência e a manutenção no mercado? Representantes de três micro e pequenos negócios que participaram na quinta-feira, 24 de outubro, da Feira do Empreendedor, promovida pelo Sebrae em Salvador, mostraram que contrariar esse raciocínio tão comum nos dias de hoje é possível.

O painel Sua Empresa Mais Competitiva e Sustentável, realizado pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade, reuniu Plínio Bevervanso, da empresa BB Brindes, Thiago Ramalho, da sorveteria Gela Boca e Melentino Tedesco, do restaurante e lanchonete Tedesco. Em comum, o desafio de empreender os negócios de forma ambientalmente correta e, ao mesmo tempo, se desenvolver cada vez mais no mercado.

Situada em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, a BB Brindes tem 13 anos de atuação e investe cada vez mais em sustentabilidade como diferencial competitivo. Plínio Bevervanso relatou que a primeira experiência da empresa com o tema veio com a inquietação quanto ao desperdício das caixas de papelão. “Em vez de recebermos os produtos dos fornecedores nas caixas de papelão deles e depois trocá-las pelas nossas caixas para só então enviarmos as encomendas aos clientes, sentamos com os fornecedores e decidimos utilizar somente as caixas deles para as entregas, a fim de evitar o desperdício. Economizamos R$ 15 mil mensais com essa ação”, afirmou.

A sustentabilidade tem que ser feita de atitude. Não temos orçamento para grandes ações, mas podemos fazer pequenas coisas que geram grandes resultados”
Plínio Bevervanso, dono da BB Brindes

Outra ideia da BB Brindes foi a de produzir squeezes (garrafas reutilizáveis) para empresas, com o objetivo de substituir os copos descartáveis. “Mostramos aos nossos clientes a quantidade de desperdício de plástico e de dinheiro que eles tinham, o quanto seria vantajoso migrar para essa nossa alternativa”, explicou Bevervanso. A microempresa também comercializa canecas feitas com a casca de coco (projeto junto ao Senai, Settrel e Universidade de São Carlos), produtos com fibra de madeira reflorestada e até porta-lápis com a lâmina das caixinhas de leite longa vida (em parceria com a Tetrapak).

Valor agregado

A Linha Green da pequena empresa recebeu por dois anos seguidos (2012 e 2013) o prêmio Going Green de Design Sustentável, concedido durante a Home & Houseware Fair, realizada anualmente em Chicago, Estados Unidos. “A sustentabilidade tem que ser feita de atitude. Não temos orçamento para grandes ações, mas podemos fazer pequenas coisas que geram grandes resultados”, defendeu o empresário.

Segundo ele, a chave para o sucesso nessa área é agregar valor aos produtos. “Assim nós valorizamos os resíduos e a reciclagem, vai aumentar a demanda dos catadores e cooperativas”, exemplificou.

Embalagem do picolé

Já a sorveteria Gela Boca, situada em Maringá (PR), nasceu no ano 2000 como uma empresa familiar e ingressou na onda verde da sustentabilidade por meio da fábrica, o que também refletiu nas 25 franquias do grupo. Depois de passar por dois cursos do Sebrae, o PSGQ e o Empretec, Thiago Ramalho profissionalizou o negócio e percebeu o quanto que estava perdendo com o descarte das embalagens de picolé.

thiago.jpg“Quando a gente começou o controle, foi um susto”, conta o empreendedor. Em um dia de trabalho, o desperdício de embalagens de picolé era de 5%. Posto numa planilha de controle, esses 5% diários representavam a perda de R$ 15 mil anuais. “Começamos a trabalhar com metas de redução, treinamento de equipe, motivação e controle diário. Mostramos a equipe que os resíduos não são lixo, podem ser reaproveitados, alinhamos estratégias com o gerente de operações e os operadores de máquina”, relembra.

Segundo Ramalho, parte do material que sobra é doada para a Apae de Maringá, que reutiliza o plástico em artesanatos. A redução do desperdício hoje chega a 4%, algo em torno de R$ 10 mil.

Outras boas práticas da empresa relatadas pelo empresário incluem a implantação de uma cisterna para reaproveitar água da chuva e a mobilização de funcionários para doar agasalhos que não estão sendo usado nos períodos de inverno – eles contam com um dia de folga para essa ação.

Desperdício zero

O restaurante e lanchonete Tedesco, que atua há 22 anos em Santo Antônio de Jesus, a 184 km de Salvador, contraria a ideia de que os empreendimentos instalados em terminais rodoviários costumam ser sujos. Limpeza, organização e sustentabilidade são as suas marcas. A preocupação de Melentino Tedesco, seu proprietário, com a qualidade do serviço e com o meio ambiente transformou o empreendimento em referência em boas práticas sustentáveis na Bahia.

O empreendimento pratica segurança alimentar, desde o preparo dos alimentos, tempero até o processo de receber e armazenar ingredientes “Os fornecedores têm de ter selo da Vigilância Sanitária, senão não compramos deles”, garante. Os produtos têm de estar devidamente registrados e possuir alvarás. “Uma empresa sustentável jamais vai servir alimento com risco para sua clientela. Responsabilidade e sustentabilidade andam juntas”, enfatiza.

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Fotos internas: Agência Sebrae de Notícias

Todo o óleo residual de cozinha é coletado e vendido para uma empresa de ração animal da região por R$ 0,80/litro, assim como as latas dealumínio para empresa recicladora, depois de amassadas e separadas. Os resíduos orgânicos (sobras de alimentos) são doados para proprietário rural, que os recolhe para ser usado na alimentação de animais (porcos e vacas). “Só compramos produtos sem agrotóxicos e adquiridos junto aos pequenos produtores”, acrescenta Melentino.

A água tem tratamento especial: passa por uma caixa, onde a gordura é filtrada, antes de ser descartada limpa no esgotamento sanitário. A gordura coletada é armazenada em caixa seca e é descartada de seis em seis meses. Todo o papelão acumulado é doado para cooperativas de catadores.

“De 2006 a 2012 tivemos um crescimento de 80%. O lucro vem com a satisfação dos clientes e com a implantação de medidas simples, como trocar as torneiras por mais econômicas, por exemplo. A sustentabilidade é um caminho sem volta”, conclui o empresário.

A Feira do Empreendedor segue até sábado, 26 de outubro, na capital baiana.

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Fonte:: ECO Desenvolvimento

    

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