PretaLab lança Relatório 2022 com dados que mostram, mais uma vez, a baixa participação de mulheres negras no mercado de tecnologia
Nunca é redundante lembrar o quanto a tecnologia invadiu as nossas vidas. Transações bancárias em poucos cliques, comunicações instantâneas para qualquer parte do mundo, videoconferências, aulas online, leitores faciais, customização de produtos, utilização massiva de redes sociais e um sem-número de aplicativos foram incorporados ao cotidiano de bilhões de usuários ao redor do Planeta.
Uma influência avassaladora que gera o questionamento: quem está por detrás das inúmeras programações, definição de algoritmos, criação de soluções e inovações tecnológicas utilizadas massivamente? Quem apresenta respostas, no universo digital, às necessidades de grupos historicamente relegados, como negros e indígenas, ou de setores não majoritários da sociedade, como idosos e deficientes físicos?
Os reduzidos dados existentes mostram, infelizmente, um perfil bem homogêneo, formado em sua maioria por homens, héteros, brancos, jovens, de classe média alta. Em um setor que exige respostas diversas, heterogêneas, inventivas e amplas, faltam mulheres. E, mais ainda, mulheres negras e indígenas.
Pioneira em ações para a inserção de mulheres negras no mercado de tecnologia, a PretaLab tem se empenhado, ao lado de outras iniciativas, na produção de dados de qualidade e articulação de políticas públicas e privadas neste sentido.
Ação urgente e necessária, reforçada pelos resultados da pesquisa #QuemCodaBR, realizada entre 2018 e 2019 pela PretaLab e a consultoria de software ThoughtWorks: dentre os entrevistados, quase 35% disseram não ter nenhuma pessoa negra em sua equipe. E a maior parte dos participantes da pesquisa (65%) disseram que menos de 20% de suas equipes eram formadas por mulheres.
As possibilidades de reversão deste quadro são ainda mais palpáveis quando lembramos que o mercado de tecnologia projeta a falta de 24 mil profissionais por ano, segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom).
Embora poucos, estudos de importantes consultorias atestam os benefícios destas políticas. “A diversidade como alavanca de performance”, da norte-americana McKinsey, apresenta dados de mil empresas de 12 países e mostra que diversidade de gênero em cargos executivos aumenta em 21% as chances de lucros acima da média. Em relação à diversidade étnica e cultural, a chance de lucro maior é ainda mais alta: 33%.
Além do Relatório 2022, a PretaLab lança um vídeo manifesto nas redes sociais em que convida as mulheres negras a se unirem na ocupação destes espaços e coloca no ar sua nova plataforma digital, totalmente repaginada e com uma série de conteúdos sobre políticas de diversidade em empresas (https://www.pretalab.com/).
O tema tem alcançado mais visibilidade e colhe alguns frutos com o engajamento de empresas no sentido de compor equipes mais diversas, no Brasil e no mundo. No entanto, há um longo caminho para a conquista de equidade e diversidade neste mercado e alguns avanços foram, inclusive, engolidos pelas consequências da pandemia. Segundo o Dieese, no terceiro trimestre de 2020, a taxa de desocupação das mulheres negras atingiu 19,8%, a mais alta entre os grupos demográficos – a taxa média de desocupação no país era de 14,6%.