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Porque a Juventude Negra mudou “a cara” do vestibular da UFBA, por George Oliveira

Ingressar numa universidade pública e gratuita é sonho de muitos jovens e adultos. A maioria deles enfrenta empecilhos ocasionados pela baixa autoestima, por acreditarem que não são capazes de conquistar uma das vagas, e por temerem dificuldades financeiras de permanência durante o curso. Seja para custear transporte, material didático ou por acreditarem que não será possível conciliar estudo e trabalho.

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Outro motivo tão corriqueiro entre os estudantes negros e oriundos de escolas públicas é a falta de recurso para custeio das taxas de inscrição nos vestibulares. O não pagamento dessa taxa faz com que uma parcela considerável de estudantes, se quer, tenha oportunidade de concorrer às vagas nas universidades públicas.

A Universidade Federal da Bahia – UFBA foi palco de reivindicações acerca da possibilidade de isentar a taxa de inscrição no vestibular de alguns candidatos de escolas públicas. O ápice dessa mobilização se deu em agosto de 2001, quando um grupo de estudantes oriundos do Instituto Steve Biko e de outros Quilombos Educacionais resolveu solicitar que a universidade concedesse a isenção da taxa de inscrição para estudantes oriundos de escolas públicas.

 

Após organização de uma passeata, divulgação na mídia e entrega de documento à reitoria obtivera “não”, como resposta. Além disso, a inesquecível declaração do pró-reitor de que: “Quem não tem 75,00 para pagar a inscrição não terá R$ 75,00 para comprar um livro”. A alternativa encontrada, quando esgotada essa via de negociação, foi procurar o Ministério Público que sugeriu ao reitor, em 16 de agosto de 2001, a isenção da taxa de inscrição dos estudantes. O critério para concessão seria a dificuldade financeira em arcar com o valor da inscrição para realização do vestibular.

 

Desde 2001, ano em que foi obrigada a isentar 5% dos candidatos (em relação ao vestibular do ano anterior), a UFBA contemplou mais de 30 mil isenções e contribuiu para acesso ao ensino superior, a jovens e adultos, pertencentes a famílias com baixa renda per capita. Essa é uma conquista do movimento negro, e, em especial, da juventude negra que foi às ruas e lutou por uma ação afirmativa que beneficiaria outros jovens de todo Estado.

Nesses dez vestibulares, podemos destacar o caso de uma estudante do pré-vestibular Steve Biko. Sheila Regina, uma jovem negra, moradora de Paripe, participou do movimento pela isenção e teve seu nome selecionado entre os contemplados com o benefício. Pela segunda vez prestava vestibular e foi aprovada para curso de estatística.

 

O objetivo aqui não é o de detalhar sua trajetória de vida nem histórico acadêmico, em vista disso vale ressaltar que essa graduada em estatística, no final do curso participou do Prêmio Jovem Cientista, 2008 e foi vencedora da categoria máxima. Uma vitória de todos nós, como ela mesma declarou em entrevistas. A nossa Mestre em Estatística pela UNICAMP muito nos orgulha.

 

Derrubamos a primeira barreira (financeira) do vestibular. Durante muito tempo: “Quem não tinha R$ 75,00 reais não concorria ao vestibular da UFBA”.  A Juventude Negra dos Quilombos Educacionais teve uma importante contribuição para essa mudança. A UFBA tornou-se um sonho possível! Êa Juventude Negra!

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George Oliveira

Militante do Movimento Negro

Mestrando do CIAGS/UFBA

grbo2003@yahoo.com.br

@grbo26

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